Olá a todos,
Como eu havia dito para a mara-momo, eu também já senti as dores que o coração proporciona. Eu acredito que já escrevi sobre vários tipos de dores. As dores físicas, as dores do constrangimento, as dores da mente, mas faltam ainda falar de outras dores que assolam a humanidade, entre elas está a dor do coração. E é para falar da mesma que eu estou abrindo uma nova postagem no tópico.
Como toda boa dor do coração, a minha começa quando eu era pequeno. Eu nasci em um município do estado do Pará. Cheguei a frequentar uma escola lá por uns tempos, na verdade eu não sei se eu cheguei a ficar um ano completo nela, porque eu tive que viajar para Macapá, um municio do estado do Amapá (além de município, Macapá é a capital do Amapá). Essa era uma terra desconhecida para um garoto de 4 anos, já que essa era a minha idade quando eu vim pra cá. Para aqueles que se perguntam se realmente é necessário eu contar esse drama todo antes de começar a falar sobre as dores que o meu coração já sentiu, eu devo lhes responder um sincero SIM, mas se você preferir, pode pular o texto e ir direto para a ação. Mas eu gostaria de lembrar que o amor é um dos sentimentos mais complicados que existe. Na verdade você pode senti-lo, mas não poderá explica-lo, isso porque o amor te ludibria e te deixa cego, surdo, mudo e burro. Não é uma critica ao amor o fato de ele te deixar burro, eu apenas estou falando aquilo que eu sinto e vejo que acontece em vários casos.
Voltando a minha história, nesse município eu vivia normalmente como uma criança feliz. Tinha amigos na minha rua e tinha amigos na minha escola, mas o estranho é que eu não lembro do rosto de nenhum deles. Mas de certa forma eu sei que eles existiam. Eu lembro um pouco da minha sala de aula e de minha professora. Lembro que eu era muito agitado e era uma peste na aula. Não tinha limites para mim. Algo mudou quando eu fui para a minha nova escola em Macapá, algo mudou e eu não lembro exatamente o que era. Lembro do meu primeiro dia de aula (ainda com 4 anos de idade), não lembro direito que série era... essa informação me foge a memoria, acredito que isso aconteça porque era irrelevante saber em que série se está quando se anota uma lembrança na mente. Eu me lembro bem era de uma coisa, eu estava nervoso. No meu primeiro dia de escola na minha escola antiga eu estava exitado, emocionado, empolgado. Eu sempre quis ir a escola para aprender coisas e tudo mais. Naquele dia ninguém se conhecia e isso era normal. Já na nova escola todos se conheciam e eu era o tal do aluno novo que veio de outro estado. Todos já sabiam de có o nome de cada um que estudava ali, tiveram um ano inteiro para aprender isso e eu tinha acabado de chegar e não sabia o nome de ninguém e ninguém sabia o meu nome. Lembro de não saber o que fazer, não sabia onde sentar, não sabia o que estavam estudando, eu não sabia quem estava ao meu redor e no fundo eu me sentia como se não soubesse de nada. Até que ela entrou na sala, ela era bonita, ah se era..., muito bonita. É normal demorar mais a atenção nas pessoas mais bonitas, para os garotos da minha idade não era comum se sentir atraído pelo sexo oposto, mas eu sempre fui precoce para a minha idade. Eu cheguei bem cedo no meu primeiro dia de aula, meu pai sempre acordou cedo porque tinha que trabalhar cedo (o trabalho dele começava as seis da manhã e por aqui o sol nasce as seis e dez da manhã, ou seja, ele nos deixava na escola quando ainda era noite), e para falar a verdade eu cheguei primeiro que todo mundo (inclusive a professora). Tive que esperar ela chegar para ser apresentado. E isso foi muito ruim, pois eu não conhecia ela (a menina) e ela não me conhecia, sendo assim ela me olhou com estranheza quando me viu. Eu sabia o que ela estava pensando, "e... quem é esse aí? Aluno novo?!".
Fui apresentado e ela (a professora) me disse que eu poderia sentar onde quisesse. Eu me sentei na primeira cadeira da fileira do meio. Eu não sabia exatamente onde sentar, na minha escola antiga todos se sentavam em mesinhas com cadeiras ao redor. Você só tinha que escolher qual mesa queria sentar e nela você seria apresentados a todos ao seu redor. É interessante, porque desse modo você sempre terá com quem conversar já que em uma mesa redonda alguém sempre estará te vendo, e com a convivência é meio difícil não fazer pelo menos quatro amigos (esse é o número de pessoas que cabia na mesa tirando você). Eu me sentei nessa cadeira porque era obvio as vantagens que ela oferecia. Eu uso óculos e por isso essa cadeira me oferecia a melhor visão do quadro negro, também iria ficar mais perto do professor e não teria problemas em escuta-lo, como eu seria o primeiro da fila não teria problemas em ter alguém mais alto do que eu sentado na minha frente e por aí vai as vantagens. Mas depois eu fiquei sabendo que essa cadeira é tipo como uma cadeira oficial para nerds, eu sempre achei engraçado a definição de um nerd. Um nerd seria uma pessoa que só pensa em estudar, mas você não vai a escola para aprender? E para aprender não é preciso estudar? Tudo bem que o nerd leva isso um pouco a sério, mas ele será o seu amigo e conversará bastante com você (mesmo no meio da aula) se você permitir como toda pessoa dita normal. Mas depois que você é tachado de nerd, ninguém quer virar o seu amigo, exceto em época de provas e trabalhos.
E lá estava eu sentado na primeira cadeira da fileira do meio para começar os meus estudos. E esse primeiro dia foi de matar, todos que chegavam para aula (no caso todos os alunos da sala, porque eu cheguei primeiro) davam de cara comigo e me olhavam com uma expressão esquisita, um misto de espanto e dúvida. Era óbvio que eles estavam com dúvidas para saber quem eu era, embora alguns ao me verem pensavam se tinham entrado na sala errada, inclusive alguns deles tiveram que olhar para cinco pessoas diferentes para ter certeza de que estavam no lugar certo. Mas no fim aquele olhar me incomodava, eu me sentia um animal desconhecido sendo exibido no zoológico. E as criancinhas perguntavam para os pais "Papai, que bicho é esse?", "Eu não sei querida, eu nunca vi esse bicho na minha vida. Vamos sair de perto porque ele pode ser perigoso.", "Certo, vamos ver os leões". Era muito chato. Até que ela entrou (nossa, que sensação de dejavu [Ah, é mesmo. Eu já tinha escrito essa parte]), antes dela outras duas meninas, também muito bonitas, já tinham entrado na sala, essas duas também me olharam com um olhar engraçado, mas eu não senti nada de especial em relação a elas. Mas quando ela entrou o mundo parou de girar. Eu li em certo lugar que em determinados momentos o nosso corpo para de enviar sinais do corpo inteiro para o celebro para que este apenas receba os sinais dos olhos, por isso o corpo deixa de sentir várias coisas e os olhos acabam por enviar um excesso de informação para o cérebro. É como se para reproduzir uma cena de 10 segundos uma câmera (nosso olho) tirasse umas 100 fotos e as reproduzissem (nosso cérebro) em sequência para fazer um filme, porém no exemplo que eu estou falando a câmera ao invés de tirar 100 fotos ela tira 700 fotos fazendo com que determinado momento realmente pareça estar andando em câmera lenta, esse fenômeno dura segundos. Mas eu não sabia disso naquele dia, eu realmente pensei que a terra estava girando mais devagar como se a beleza dela alterasse o tempo, ou mesmo como Deus resolvesse dar uma benção aos mortais para que quando ela passasse o tempo diminuísse a sua velocidade para que os pobres humanos pudessem admirar um pouco mais aquilo que eles não poderiam tocar ou possuir.
O estranho é que quanto mais ela se aproximava, mais o tempo parecia ficar mais lento. Tive uma ponta de medo nessa hora. Eu achei que chegaria um momento em que tudo pararia e não voltaria nunca mais a ter a sua velocidade normal. Como se alguém em algum lugar achasse que tanta beleza era proibido aos olhos de gente que não merecia e por isso deveriam parar no tempo e desaparecer da face da terra. Eu realmente pensei nessa possibilidade, mas eu a descartei logo em seguida porque dizem que sua vida passa diante de seus olhos quando você está prestes a morrer (mais um exemplo do efeito de câmera lenta) e tudo o que os meus olhos viam era aquele ser vivo de expressões calmas e desinteressadas. Eu pensei comigo mesmo "Deus do céu, se foste tão habilidoso em criar tal criatura, porque não encheu a terra com mais dela? Até hoje não tinha visto nada igual. É quase como se você mandasse um aleijado com apenas três dedos na mão tremula desenhar o traço do rosto humano e que somente uma vez por século você resolvesse pessoalmente dar vida a um rosto feminino que carregasse a luz do Sol e a levasse para a mais escura da salas iluminar o mais sombrio dos corações".
Ela passou por mim e foi se sentar lá atrás. Eu não quis virar a cabeça para que ela não percebesse que eu a estava admirando. Aos poucos o tempo começou a andar como ele sempre fez, aos poucos os meus olhos se acostumaram com o quadro negro que estava na minha frente, aos poucos as conversas dos outros alunos chegavam aos meus ouvidos, aos poucos os meus dedos voltavam a sentir a madeira macia do meu lapis, que estava na minha mão, aos poucos minha língua voltou a sentir o gosto de saliva e a superfície lisa dos meus dentes, aos poucos o meu nariz voltou a cheirar o ar úmido de Macapá e sentir diversas fragrâncias de perfumes e colonias, assim como desodorantes, giz, tinta de caneta, madeira de lapis, borrachas comuns e perfumadas, além dos peculiares cheiros de comidas que vinham de diversos lugares próximos da escola e na medida que os meus sentidos iam voltando eu notei que o meu peito doía, que estava faltando alguma coisa, eu não conseguia raciocinar direito, o meu peito doía e se sentia vazio, mas eu não me importei com isso porque eu estava tentando reproduzir com os mínimos detalhes a cena daquela garota entrando na sala na minha mente. Quando finalmente achei que estava perfeita eu me concentrei para gravar essa cena na minha cabeça o melhor que pude. Somente depois de satisfeito é que eu voltei a atenção para o meu peito que doía e percebi que a coisa estava ficando preta porque eu comecei a sentir tonturas e não conseguia pensar direito, eu me sentia abafado e enclausurado no fundo do oceano e só então eu percebi que EU NÃO ESTAVA RESPIRANDO!!! Ela mexeu de tal forma comigo que eu esqueci de respirar!!! Desde aquele momento eu percebi que ela era especial. É interessante como o tempo age sobre as pessoas, eu não a vejo há muitos anos e não tenho a menor ideia de onde ela está ou o que está fazendo, normalmente nós conhecemos um amigo que era muito amigo de outro cara da escola que namorou uma pessoa na nossa sala... no fim, sempre temos uma certa ideia de para onde todos foram parar, ainda mais em uma cidade relativamente pequena. Mas eu não sei nada dela.
Eu ia fazer um comentário sobre a ação do tempo, mas acho que é melhor eu deixar essa afirmação para o fim, assim deixa esse relato mais apaixonante e sem quebras de conteúdo (no caso eu só fiz meio comentário...). Onde eu estava mesmo? Ah, sim! Quando eu esqueci de respirar. E lá estava eu na minha velha posição na sala, primeira cadeira da fila do meio, prestando a maior atenção o possível no professor. Quando não se tem amigos a coisa mais interessante a se fazer é estudar e escutar o professor. Em média naquela altura do campeonato, primeira ou segunda série (não lembro o certo), os alunos respeitavam o professor e não conversavam muito. Chega a ser estranho estudar em uma sala um tanto quanto silenciosa, mas na segunda série tudo ainda é um pouco novo e a ameça de "contar tudo o que você faz para os seus pais" feita pelos professores é bastante ameaçadora para uma criança da segunda série (eu digo segunda série porque eu realmente não me lembro se eu completei a primeira série toda no Pará). Por isso é normal que ninguém converse muito na aula, e mesmo aqueles que conversavam, não passavam de sussurros feitos o mais baixo o possível para que a professora não ouvisse. No fim a aula sempre ficava um tanto silenciosa. E como eu me sentava na primeira cadeira da fileira do meio eu praticamente não via ninguém que estivesse na minha frente, mesmo as cadeiras que estavam ao meu lado, no caso as primeiras cadeiras das outras quatro fileiras, pareciam ficar um pouco atrás da minha cadeira, como se elas se arrastassem um pouco para trás para ficar mais próximo da segunda cadeira e mais longe do professor. Sendo assim eu acabei me acostumando a não ver os outros alunos, mas devido a minha curiosidade eu fui me acostumando a ouvi-los.
Vejam bem, eu era o primeiro da turma, eu não tinha amigos e só me restava estudar, e de vez em quando a professora repetia a matéria umas dez vezes para que os outros alunos, aqueles que conversavam ou tinham problemas de atenção (entre outros motivos), que não tinham entendido a matéria. Nesses dias eu já tinha resolvido todos os exercícios que eram pertinentes a essa matéria no livro. Muitos desses exercícios a professora passaria para a casa. Eu me orgulho até hoje de nunca ter feito um dever de casa em casa. E estudar em casa era outra coisa que eu não fazia, eu preferia passar a tarde toda jogando com os meus amigos da rua. Mas, voltando para a sala de aula, ao longo dos anos eu fui desenvolvendo uma excelente capacidade auditiva, já que as conversas aumentavam em quantidade e qualidade. Na segunda série as conversas variavam sobre o lanche que a mamãe tinha feito para o recreio, os desenhos que estavam passando na TV (ou isso ou falavam de um capitulo em particular dos desenhos que passaram no dia anterior), os filmes que passaram na TV (nessa idade ninguém ia pro cinema, diferente de hoje onde as crianças da segunda série vão pro cinema vestidas para parecem mais velhas [o que somente as deixam com cara de prostitutas e arruaceiros {analisa o vestuário: bota cano longo, saia curta, blusa ou tomara-que-caia que deixa o umbigo e as costelas de fora, uma jaquetinha que é menor que a blusa, o cabelo tem que estar solto e a cara tem que ter mais maquiagem que uma gueicha japonesa e de preferência tudo preto feito de jeans e couro; já os meninos usam tênis, calça jeans rasgada nos joelhos, com partes mais coloridas do que outras, e desenho de dragões ou tigres do lado e essa calça jeans tem no mínimo 14 bolsos sendo que 8 deles ele nunca vai usar e os outros 6 ele usa para guardar a carteira, celular, chaves, doces (para emergências como chicletes, halls, menta e outros) e outras coisas que eu não quero nem adivinhar (camisinhas, facas e revolveres os quais eles levam para escola para se amostrar e acabam matando alguém ou engravidando uma menina menor que ele [o recorde da região é de uma menia de 6 anos que engravidou do NAMORADO de 10 anos...]), de camisa ele usa uma t-shirt com desenhos de dragões ou tigres, números (saldando os jogadores de futebol), estampas que falam sobre o surf, pitbulls, morte e outros (de vez em quando eles usam uma jaqueta com dragões e tigres e uma t-shirt com estampa)}]) e como passar das fases difíceis dos jogos do saudoso supernintendo.
Continuando em outro paragrafo porque o de cima está muito grande... Como eu ia dizendo, nessa época não havia muitos assuntos interessantes, mas com toda certeza era mais interessante do que ouvir a explicação da matéria pela décima vez. No início foi um tanto complicado, eu deixava de ouvir o que a professora dizia e começava a tentar ouvir o que as pessoas estavam falando, eu tinha de concentrar e por isso eu baixava levemente a cabeça e começava a ouvir. Eu não conseguia ouvir muita coisa, normalmente uma palavra dita mais alta que as outras e assim eu ia formando frases e ficava ciente do assunto geral. Mas eu só conseguia ouvir uma conversa por vez, com o tempo eu fui aperfeiçoando a técnica e já conseguia ouvir várias conversas de uma vez só, inclusive a matéria repetida pela professora. Eu já ouvia frases inteiras e já estava virando um habito ouvir tudo o que estavam falando ao meu redor (por isso não é bom contar fofoca perto de mim) e com o tempo eu descobri que me privando de algum outro sentido eu poderia aguçar a minha audição, futuramente eu descobri que normalmente o ser humano não consegue usar todos os cinco sentidos ao mesmo tempo porque o cérebro não consegue processar tanta informação ao mesmo tempo, por isso quando eu me privava da minha visão eu poderia ouvir melhor. Assim eu passava a maior parte do dia de cabeça baixa e de olhos fechados (e acabava parecendo que eu estava dormindo).
Na faculdade eu fiz o mesmo processo e todos acharam que eu era um vagabundo filhinho de papai que passava a noite toda na farra e vinha com sono para a faculdade desperdiçar o dinheiro suado que o meu pai gastava. Muitos ficaram com mais raiva ainda quando no fim do primeiro semestre eu não tirei uma média menor que oito e meio. Teve gente que foi me acusar para o professor que eu estava colando e como muitos não tiraram uma nota boa naquele tempo (o porque eu não sei porque a maior parte do que foi ensinado nada mais era que um resumo do meu primeiro, segundo e terceiro ano de escola) eles ficaram com mais raiva ainda como quem pensa “eu me mato para estudar e fico com nota vermelha e aquele filhinho de papai que vive dormindo na aula passa colando e ninguém faz nada!?”.
Quando chegou a hora de fazer os seminários (você apresenta um trabalho para a turma) todos perceberam que eu não era um burro ou um analfabeto... na verdade eu tive que ensinar muita gente sobre a matéria para que não tivessem que repetir de ano. E ainda tinha gente que se perguntava como não tinha entendido uma matéria tão fácil (mas eu sabia o porque!! Na minha turma tinha apenas quatro homens e o resto dos 40 alunos eram todas mulheres. Com isso a fofoca rolava solta e quase ninguém prestava atenção na aula. Inclusive um dos homens reclamava muito porque a conversa sempre era maior que a voz do professor). Depois uma professora minha me perguntou como era que eu sabia tanto da matéria se eu vivia dormindo na aula. Ela achava que eu estudava em casa. Eu simplesmente falei:
“Eu nunca que vou gastar meu tempo estudando em casa, neca de biritibica.... eu prefiro dormir, jogar bola, ir pro cinema e essas coisas. Acontece que eu nunca dormi em uma aula sua. O fato de eu estar com olhos fechados e a cabeça baixa não significa exatamente que eu esteja dormindo. Na verdade eu estou ouvindo atentamente o que se passa ao meu redor, inclusive a sua matéria e com isso eu consigo aprender o assunto e ainda fico atualizado sobre as fofocas que rola aqui na sala. Você sabia por exemplo que tem um cara no outro prédio que é gay, namora uma menina super linda e nos finais de semana ele diz que vai sair com os amigos e vai todo mundo pro motel?! (eu soltei essa fofoca porque ninguém do grupo de meninas que tinha falado ela estava na aula...)”. Depois eu expliquei como funciona o processo com embasamento da ciência, inclusive os astronautas fazem a mesma coisa para aprender certas coisas....
Tudo bem, tem gente se perguntando o que isso tudo tem haver com a minha historia... TUDO!!! Como eu já expliquei eu ficava ouvindo tudo o que se comentava naquela sala, com o passar dos anos os assuntos foram ficando mais interessantes e animadores, certos dias era mais vantajoso ouvir fofoca do que prestar atenção na explicação da matéria nova. Mas não havia coisa mais interessante do que ouvir ela falar... não importava sobre o que era, o assunto recebia prioridade! Pena que ela tinha uma voz suave quando sussurrava... A sensação que eu tinha ainda era tão intensa e marcante quanto no primeiro dia que eu a vi. O tempo ainda ficava lento e tudo mais, mas agora eu era mais maduro e mais esperto... eu me lembrava de respirar!!! Exceto quando a minha respiração me atrapalhava quando eu tentava ouvir o som dos passos dela e o ritmo de sua respiração... aí não tinha jeito, eu parava de respirar mesmo!!
Todos os anos no nosso colegio havia várias comemorações em que os alunos se organizavam para fazer alguma coisa. Tinha festa junina e cada turma tinha que fazer uma dança de quadrilha, natal onde todos faziam uma comemoração no fim do ano com músicas natalinas e várias outra. Em todas essas comemorações e eventos eu sempre quis ficar perto dela e não conseguia. Nas festas juninas eu queria formar par com ela, mas sempre me colocavam do lado de uma baixinha, pudera... eu era o segundo mais baixo da turma (e ela é um pouco maior que eu... droga de vida!!!) e o pior é que parece que toda mulher baixinha é feia (nada contra uma mulher baixinha, nada contra uma mulher feia e nada contra uma mulher baixinha e feia... mas vocês sabem que quando novos costumamos levar em consideração apenas a aparência...). Mesmo quando uma vez eu tive que fazer par (porque eram os professores que formavam os pares) com uma menina bonitinha ela nao podia ensaiar no mesmo horario que eu e no dia da festa ela ficou do meu lado só no inicio, depois um pouco antes da quadrilha começar ela trocou de lugar com uma amiga dela que era mais alta e ia fazer par com um menino que ela (a menia bonitinha que eu ia fazer par) era afim. E adivinhem!? Essa menina amiga dela era feia e baixinha (e era a mais feia e baixinha que eu vi na vida!!! Naquele momento eu penssei que Deus tinha castigado ela porque pra nascer feia e baixinha daquele jeito só poderia ser sacanagem... Agora pensa numa menina com um fogo da poha... ela agarrou o meu braço de um jeito que deu medo e durante a dança ela fazia de tudo para se aproveitar do meu corpo...
Porém teve um ano em que EU IA FAZER PAR COM ELA!!! Bem... na verdade... não era bem par com ela... era uma época de natal e íamos cantar uma música de natal enquanto fazíamos uma coreografia. Nessa coreografia todo mundo fica va em grupo ou em fila lado a lado e em ambos os casos eu ficaria do lado dela. E nesse dia eu senti uma pontada no coração porque uma professora doida tinha tirado ela do meu lado justo na hora em que íamos nos apresentar!! Só que Deus existe e ele mandou a professora certa ajustar a merda que a outra ia fazer e no fim deu tudo certo... Pensem em um menino de dez anos que esteja muito feliz... agora dá pra ele um playstation 3... e um carro importado que ele não pode dirigir mas você diz que ele pode fazer o que quizer... multiplica isso por dez e vocês terão uma vaga ideia do quanto eu estava feliz!!! Naquele dia eu perdoei o Papai Noel por todos os natais que eu não recebi nada de presente (o meu pai só dá presente para a minha irmã mais nova). Mais tudo tem o seu preço... no ano seguinte ela passou a estudar no turno da tarde, enquanto eu sempre estudei no turno da manhã...
Nos anos seguintes eu passei a ser um pouquinho mais popular... isso tudo porque criou-se uma nova mania na minha sala... queda de braço. A moda agora era saber quem era o mais forte na queda de braço, e de certa forma isso dava status. Em dias já existia um ranking na turma, as vezes eu achava que tinham tudo escrito em um papel, mas nunca foi confirmado nada. Eu não participei porque eu era tão tímido que não sabia como entrar em uma conversa, mas sabia manter uma conversa sobre qualquer assunto numa boa. Logo eu não conversava com ninguém que não viesse conversar comigo, e como eu não tinha amigos eu não conversava com ninguém, ainda bem que eu só tinha um inimigo... mas essa é outra historia (na verdade eu acho que eu já escrevi ela, mas ela foi apagada...). Isso mudou até que tinha um cara muito ruim de braço de ferro (esse era o cara mais baixinho da sala e meu único inimigo [eu não tinha nada contra ele, mas ele gostava de me encher o saco todos os dias]) e ele não conseguiu vencer ninguém, mas ele ainda conseguia disputar com um outro cara lá, mas ainda sim ele sempre perdia.
Certo dia eles disputaram de novo para ver se o baixinho conseguia vencer dessa vez, não deu outra, ele tentou, se esforçou, quase conseguiu e ainda assim ele perdeu. Nisso o outro cara (o que ganhou) disparou:
-Num sei porque tú ainda tenta, tú não ganharia nem do Fábio (eu)!
-O que?! Eu não ganho do Fábio!? Dele eu ganho com as duas mãos na costa!!
E deu-se inicio ao braço de ferro do século!! De um lado um cara que mesmo medianamente forte nao conseguiu vencer ninguém e do outro lado, EU! O cara em que ninguem prestava atenção, o cara dito como estranho, o cara que era magro que dava dó e em menos de um ano ficou gordo de dar mais dó ainda!
Antes de começar a descrever a queda de braço do século eu devo contar um pouco sobre minha infância. Já fazia alguns anos que o meu pai via eu e o meu irmão em casa sem fazer nada a tarde e resolveu por nós dois para trabalhar (de acordo com a educação dele, criança que não trabalha vira vagabundo. E ele começou a trabalhar ainda mais cedo na roça e por isso ele acreditava ser normal colocar duas crianças, cada um com uns nove anos, para trabalhar). Ele trabalhava em um supermercado, nesse supermercado vendia-se no varejo (unidade) e no atacado (caixa cheia de unidades). Ele trabalhava organizando a área de entrega de atacado e colocou eu e o meu irmão para empacotar as compras das pessoas que compravam no varejo. E naquele tempo não existia carrinho, onde você colocava as compras e ia deixar no carro do cliente. Naquele tempo só o cliente usava um carrinho para colocar as compras e tú tinha que se virar e carregar tudo no braço e deixar no carro do cliente e tinha que fazer apenas uma viagem porque na volta o caixa já estava cheio e tú ia se ferrar mais ainda se demorasse duas viagens. O ruim era que não tinha outras pessoas para fazer esse trabalho, era só eu e o meu irmão.
Nós íamos todos os sábados quando não tinha aula e todos os dias quando estávamos de férias. E aí se agente conversasse com o nosso pai sobre uma mesada, tudo o que ganhavámos era o que os clientes nos davam de gorgeta e para piorar tudo, a maioria achava que agente ganhava um sálariozinho... tradução: ninguém liberava nada, nem na época do natal!!! Mas agora imagine uma criança de uns 9 anos de idade carregar mais de 20kg por compra, agora imagine essa mesma criança fazer isso durante oito horas por dia, sendo que no natal as compras tinham uma média de 30 a 50kg. Eu podia até ser gordo, mas tinha uns braços bem grosos.
E eu fiquei meio sem graça de participar daquele embate, isso porque não tinham me convidado e sem dito que eu era fraco. Eu não tinha ideia da minha força, para mim todo mundo naquela sala era mais forte do que eu porque eram magros e bem definidos, alguns faziam musculação a anos (isso aos treze anos) e tinham os braços bem definidos. Mas de uma coisa eu sabia, na hora que começasse eu tinha que colocar toda a minha força logo de imediato para não perder. E lá estava eu diante do cara que eu mais odiava naquela sala, na verdade ele era o únicco cara o qual eu nao gostava. Quando o juiz, outro cara, disse a palavra mágica (“JÁ”) e coloquei toda a minha força para poder derrotar o cara e não fazer feio... quase quebrei o braço dele e no fundo eu até que fiquei feliz por ele ter se ferido um pouco.
Logo todos estavam sacaneando o baixinho (menos eu, eu sabia o quanto isso era chato) e ele, para se defender, falou que eu provavelmente poderia ganhar do cara que ele perdia sempre. E de novo começamos novo embate, e lógicamente ele perdeu com muita facilidade. No fim eu fiquei em segundo lugar no ranking, só perdi pra um cara lá que era 20cm mais alto que todo mundo e duas vezes mais largo. E ainda assim foi uma grande luta, até porque ele era duas vezes mais alto do que eu.
Com isso eu ganhei uma certa fama e o baixinho começou a me amolar menos, até porque eu quase quebrei o braço dele, imagina o que eu poderia fazer com ele se eu me zangasse (novamente eu já escrevi essa historia, mas acho que ela foi apagada). Tenho certeza que vocês ainda estão se perguntando o que isso tem em relação a minha dor de amor. O que acontece é que eu ganhei mais alto confiança e ja falava mais com as outras pessoas. E eis que na oitava série ela volta para a minha vida... ainda mais bonita do que antes.
E eu ainda sentava na mesma cadeira de sempre na primeira cadeira da fileira do meio, e ela continuava sentando na parte de trás, na verdade ela se sentava na parte do meio da fileira que ficava do lado da janela (essa janela dava vista para a parte interna da escola e não havia janela que mostrava a parte de fora do colegio). Ela passou a estudar no turno da manhã ao invés do turno da tarde, e com ela veio uma amiga dela que falava bastante.
Ela começou a namorar um cara mais velho e este cara, ao meu ver não combinava com ela (embora isso eu possa estar dizendo porque como todo nerd eu sabia que eu ia ser uma pessoa melhor para ela). Ele (a criatura que ela namorava) gostava de desenhar e eu também, a diferença é que ele gostava de desenhar coisas que já foram desenhadas (tipo os personagens do mortal kombat) e eu gostava de desenhar coisas novas. Ele repetiu de ano, duas vezes, e eu sempre estava passado na metade do ano, em julho, (nesse tempo você era aprovado com media 5). Ele só falava besteira e coisas idiotas (ele inventou uma música imitando uma música [acho que do zezé de camargo e luciano] que tinha um refrão que falava sobre como amar e ele apenas trocou a palavra amar por cagar. Imagina se essa criatura tem filhos!!) e eu o pouco que falava era apenas para passar conhecimento, consolação e/ou alegria. Ele era todo tatuado e tinha uma cara de marginal, e o pior é que era aqueles marginais que dá vontade de rir. Eu sempre me arrumei bem e me preocupava com a minha aparência. E ele ainda tratava ela mal!!! Meio que desprezava ela, isso porque ela era mais nova e por estar namorando um cara mais velho acabava pondo ele em um pedestal e ele percebendo que ela comia na sua mão a desprezava e a tratava mal, e eu ainda achava que ele tinha outra por fora (uma amante se você gostar do termo). Eu por outro lado a colocava em um ponto muito alto, como se ela fosse algo que eu não devesse sequer tocar... no fundo eu até que procurava não a desejar tanto, porque eu achava que ela merecia ser amada por alguém melhor que eu, eu pensava que eu não tinha os requisitos certos para ela.
Depois de uns meses esse cara desapareceu da face da terra, eu nunca mais o vi e parece que meu querido anjo também não o viu mais... eu sinceramente fiquei feliz. Não bastasse o sofrimento de tê-la perdido durante anos eu ainda tive que me conformar em vê-la acampanhada de alguém que ao meu ver era um crápula. Isso me faz lembrar da época de inicio de ano quando ela passou a estudar na parte da tarde. No primeiro dia de aula eu fiquei apreensivo por não tê-la visto na sala. Eu sentia o meu coração bater mais e mais forte a cada aluno que chegava e o via sentir uma pontada quando percebia que o aluno não era ela... Pior foi quando o professou chegou e começou a escrever o texto no quadro negro, então eu percebi que horas eram e que já estava próximo de começar a aula e ela ainda não tinha chegado.
“Talvez ela tenha se atrazado”...
O professor já escrevia naquele maldito quadro negro fazia mais de uma hora e a sala já estava cheia. Eu estava divido em escrever aquela matéria tosca e os meus pensamentos. E isso me dava raiva porque eu não conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Se vocês quiserem me ver com raiva é só interromper a minha linha de pensamento por cinco minutos, se eu não consigo pensar porque tem alguém me atrapalhando eu viro uma fera!! Um animal descontrolado que age apenas por instinto, um ser abominavel que não está nem aí para o sentimento dos outros e acaba descontando a sua fúria em qualquer pessoa que passe por perto, isso tudo para que elas se afastem e me deixem pensar direito. Com isso eu ficava cada vez pior, eu não conseguia escrever e nem pensar... mas ainda assim eu estava com raiva mesmo por estar ansioso para vê-la depois de meses e no fim ela não aparreceu.
“Talvez ela não venha hoje... ela pode estar viajando...”
E os dias viraram uma semana, e a semana se juntou com outra e outra e depois de um tempo as semanas se juntaram e formaram um mês. E eu percebi que ela não vinha mais... durantes as outras semanas eu fiquei remoendo lembranças felizes de nós dois (na verdade nunca existiu um “nós”, as lembranças que eu tinha eram em sua maioria sobre as vezes que eu ouvia a voz dela em uma conversa, ou as vezes que eu a via passando por perto de mim no intervalo e coisas do tipo) e também tentando descobrir onde ela tinha se escondido. As opções não eram nada boas... ela poderia ter mudado de escola, poderia ter mudado de municipio ou até mesmo viajado para outro estado, páis ou continente. Me senti bem melhor quando descobri que ela apenas tinha mudado de turno. Mas eu nunca a vi pela escola quando eu vinha de tarde para fazer trabalhos em grupos na parte da tarde na escola.
Eu pensava que ficar sem vê-la era ruim, mas depois que eu a vi com aquele cara, ai é que eu entendi que a vida não é justa, se você quer justiça você deve procura-la e lutar para que ela seja eficaz. Você nada recebe além daquilo que você lutou.
Na verdade, agora que eu estou puxando pela memoria, eu não lembro ao certo se estava oficializado alguma coisa entre eles dois, na verdade eu não tenho nenhuma memoria visual (memoria em video) que mostre os dois se beijando, talvez eu tenha bloqueado tais memorias ou talvez eles fossem somente amigos, mas eu não acredito nessa hipotese.
Esse cara ficou menos de um ano na escola. Depois dele veio outro cara que é ainda pior. Eu não digo que ele era pior porque ele tivesse menos qualidade do que o primeiro cara e sim porque ele era um garoto normal. Eu imaginava que para ela tinha que ser um príncipe com diversas qualidades. Mas aquele cara era um cara normal, não era muito inteligente mas também não era burro. Não era do tipo atletico mas jogave razoavelmente. Não era romantico mas conseguia manter uma conversa com uma menina bonita sem falar besteira (coisa que eu sempre consegui, mas normalmente elas não vinham falar comigo).
Eles não namoraram, eles não se beijavam na escola, eles sequer se abraçavam. E eu poderia até hoje pensar que eles nunca tiveram nada, se não fosse um caso que rolou na boca pequena (essa expressão significa um fofoca que foi comentada apenas com um seleto grupo de pessoas, ao contrário da fofoca comum que rola pela boca grande). Dois amigos meus (naquela época eles eram o mais próximo de uma amizade na escola que eu tinha, mas eles se sentavam nas ultimas cadeiras e eu sentava nas primeiras) me contaram algo que espedaçou todos os meus pensamentos e ideias que eu tinha sobre ela. O que eles falaram foi tão forte que a imagem que eu tinha dela foi totalmente destruída. E eu acredito ser verdade porque esse tipo de comentário perde a força depois de algum tempo e eles nunca negaram o que disseram, eles mesmo depois de anos continuaram falando ser verdade.
Esse comentário que eu ouvi da boca deles eu não ouvi da boca de ninguém mais, o que me leva a crer que o boato não se espalhou já que foram somente eles que presenciaram a cena que levou o boato adiante. Eu realmente fiquei acabado...
Meu jovem coração pareceu que derretia, como se ele tivesse perdido o equilibrio ao ouvir aquilo e que aos poucos eles começasse a não sentir mais o chão e simplesmente cair de costas e bater a cabeça no piso. E ao contrario da maioria ele não que sair daquela posição deploravel e se levantar. Ele quer ficar ali no chão se remoendo por dentro e sentir a dor que a queda provocou em suas costas e cabeça. A dor o ajuda a tentar esquecer o que o coração sente mas ela só piora tudo. Isso porque não importa quanta dor física você está sentidno, o seu coração te faz sentir pior com a dor que ele emana e esta vai se alastrando pelos outros orgãos, musculos, nervos como se fosse un câncer maligno que se alastra e domina cada parte do seu corpo e depois de dominada ele a inutiliza e logo você não passa de um corpo sem vida que não quer mais sentir emoções e por causa disso você fica sozinho com sua dor.
O pior acontece quando esse câncer que é a dor do coração domina todo o seu corpo, isso porque depois de dominado o corpo só resta se apossar da alma. Depois que a alma foi tomada a pessoa alegre que você foi antes está acabada, você está totalmente rendido e derrotado. Com a alma repleta de dor e angustia a sua vida perde o sentido, você não vê mais razão para comer, dormir, sair com os amigos e principalmente... você não vê mais razão em amar...
Depois que a sua alma é dominada e assolada pelo sofrimento só lhe resta uma única saída. É ter por perto alguém que tenha uma alma mais forte que a sua para lhe dar apoio e amor. Essa pessoa pode ser parte da sua familía, o seu amigo, alguém que mal lhe conhecia mas sentiu o sofrimento que você passava e resolver perguntar o que houve e em determinados casos essa alma forte pode até ser a mesma pessoa que feriu o seu coração.
Essa alma precisa ser mais forte que a sua porque normalmente uma alma ferida não quer a companhia de ninguém, ela quer ficar sozinha e se afundar em um poço cheio de angustia, dor, odio, orgulho ferido e coração machucado. E por causa disso, toda vez que alguém de alma mais fraca tenta lhe ajudar você tenta afastá-la e acaba conseguindo, já que a sua alma é mais forte. Agora se alguém de alma mais forte que a sua faz a mesma tarefa, ela provavelmente sairá vitoriosa, isso porque ela não desistirá na primeira tentativa, na verdade ela não desistirá nunca.
Isso faz uma pessoa refletir: “E se alguém de alma muito forte for pego pelas dores e doenças que aflingem o coração!? Quem irá ajudá-la?!”. Isso simplesmente não irá acontecer nunca. Eu não estou dizendo que uma pessoa de alma forte não tenha problemas com o coração, todos que tem um coração estão sujeitos e sentir dores por causa dele. Eu estou afirmando que alguém de alma muito forte nunca a deixará cair por terra perante um coração sofrido, ela sentirá as dores e essa dor se espalhará por todo o seu corpo, mas jamais afetará a alma.
Esse processo pode durar dias, semanas, meses ou até anos até que a alma seja completamente dominada, mas esse processo pode também durar apenas segundos. Eu vi na TV um caso de uma garota que namorava pela internet e certo dia o namorado dela terminou tudo. Ela ficou arrazada e foi para o seu quarto com lágrimas nos olhos e uma rasgadura no coração. Alguns minutos depois a mãe dela leu o que estava escrito no computador e foi atrás dela para consola-la. Ela encoutrou a filha morta...
Coisas assim acontece com quem tem a alma dominada pelo sofrimento, elas deixam de lutar e se rendem, desistem da vida. Vocês podem achar cruel, mas a vida é assim mesmo, se você desistir de lutar você fadadamente deixará de aproveitar a vida e acabará tendo o pensamento de que a vida não é tão boa assim. No fim somente a morte parecerá um caminho fácil a ser seguido. E isso não é verdade, no caso dessa menina descobriram que quem enviava as mensagens era a visinha dela que se passava por homem e a iludia somente para chegar o dia em que ela terminaria o namoro. Como vocês podem ver essa garota se matou, e a morte dela não valeu de nada.
Se ela tivesse lutado por um dia que seja, ou até mesmo uma hora ou duas, ela poderia ter descoberto quem era o tal homem da vida dela. E a sua tristeza se tranformaria em odio, raiva, dor, sentimentos ruins, porém construtivos. Ela daria outro rumo para a vida dela e viverria. Quem sabe ela até encontrasse um rapaz que valesse a pena.
O mesmo poderia ter acontecido comigo, eu fiquei triste e até não acreditei no que eu tinha ouvido. Depois de um tempo eu percebi que eles não tinham motivo para mentir. Mas até hoje eu estou com uma pulga atrás da orelha. Não que eu não acredite nos meus amigos, mas é que eu gosto de ouvir todos os lados de uma historia antes de dar credito a alguém. Por isso eu teria que conversar com essa menina e perguntar se realmente era verdade.
No mesmo ano ela saiu da escola, mas ela foi até o fim do ano e até fizemos a formatura da oitava série juntos. Depois eu não a vi mais. E quando eu digo isso eu quero dizer que eu sequer sabia para onde ela foi, em qual escola ela estava estudando ou coisas do tipo. Ela poderia estar estudando no turno da tarde, mas eu nunca vou saber.
Durante anos eu pensei que esse amor que eu senti era algo infantil, como eu poderia amar alguém com quem eu mal falava!? Nós nunca tivemos uma conversa séria, ou mesmo uma conversa divertida. Nossos dialgos não duravam mais que um minuto, embora todas as vezes em que falamos eu conseguia tirar um sorriso daquele rosto bonito. Eu me convenci disso e estudei o primeiro, segundo e terceiro ano sem pensar nela. Me formei na faculdade e já não lembrava dela.
Eu bem que gostaria de terminar a minha historia por aqui, assim ela teria um final razoavel. Onde eu superei um amor que parecia que não ia dar certo, mas eu tenho que contar toda a historia já que os relotos que eu descrevo precisam ser completos.
Eu estava indo pro shopping para ir ao cinema assistir um filme. Eu estava com o meu irmão, ele que estava dirgindo. Ele estacionou o carno no estacionamento do subsolo e fomos para o elevador do shopping. Quando estavámos chegando no elevador tinha uma familia saíndo dele. Nós aproveitamos a porta aberta e entramos. Quando eu entrei no elevado e este comçou a fechar a porta eu levantei a cabeça e vi no meio daquela familia que estava parada na frente do elevador, uma pessoa em particular que me interessou muito. Essa pessoa estava parada olhando para o elevador. Na verdade ela estava olhando para mim. É incrivel como os olhos dela mostravam a clareza do seu pensamento. Eles diziam: “Será que é ele mesmo!?”. Quando eu a vi as portas do elevador começaram a ficar mais lentas e quase não fecharam porque o mundo tornou a parar...